Durante muitos anos – eu diria, décadas – são usados produtos à base de Iodo para limpeza, assepsia e antissepsia da pele.
Nos centros cirúrgicos o álcool iodado e o Povidine – nas versões alcoólica e degermante – ainda fazem parte da rotina de preparo das mãos da equipe cirúrgica e do campo operatório em muitos centros cirúrgicos. É um problema quando pacientes informam alergia ao Iodo em serviços que não dispõem de outras alternativas.
Nesse tempo de PANDEMIA que estamos vivendo, o Iodo adquire “status” de relevância como antisséptico oral contra a SARS-CoV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Severa Coronavírus 2). Por enquanto a possibilidade de bochechos com iodo-povidona para inativação do COVID-2 ainda está na fase “in vitro”. Quem deseja satisfazer a curiosidade pode ler AQUI.
Pois bem, o Iodo para uso tópico vem se impondo como alternativa contra a infecção no tratamento das feridas crônicas. Concentrações apropriadas contornam o velho problema da toxicidade celular dos produtos convencionais baseados em Iodo. Comentaremos um pouco de nossa experiência com o IODOSORB da empresa Smith & Nephew.
Informamos que não temos qualquer conflito de interesse relacionado ao produto.
Trata-se de uma pomada formada por micro grânulos de amido – quimicamente, um cadexómero – acrescida de iodo a 0,9%. Enquanto o composto de amido atua como absorvente do exsudato, o iodo vai sendo gradualmente liberado para o ambiente da ferida e exercendo suas atividades bactericidas e bacteriostáticas.



Por sob a cobertura não aderente o leito se mostra livre de infecção visível e com boa granulação.
Em nossa experiência estamos bem impressionados com a eficiência do produto no combate à infecção tópica.
Uma de suas vantagens é que pode ser aplicado sob terapia compressiva tais como Bandagens de UNNA. Para nós isto é muito importante pois a grande maioria dos pacientes necessitam de terapia compressiva para combate ao edema e ao exsudato.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

Não temos conhecimento da disponibilidade dos curativos de Iodosorb em placas de 4cm x 6cm no mercado nacional. Até o momento apenas as bisnagas de 20g podem ser encontradas.
– Segundo o fabricante o amplo espectro da atividade antibacteriana dura em torno de 72 horas, ou seja, até três dias.
– É muito fácil de retirar pois não adere ao leito e adquire coloração transparente com aspecto gelatinoso.
– Não tem indicação o seu uso em feridas secas.
– Pode ser facilmente aplicado em feridas com leito cavitário, o que torna a sua aplicação muito conveniente para determinadas ulcerações do pé diabético.
– Convém evitar transbordamento do produto para a pele do entorno; o fabricante recomenda que não se ultrapasse 50g em uma única aplicação (as bisnagas que usamos em nosso serviço contem 20g, o que torna o produto dispendioso para feridas mais extensas ou para a necessidade de uso mais prolongado).
– O IODOSORB está contraindicado em pacientes com distúrbios da tireoide, gestantes e lactantes.
Sugestão de leitura:
Cadexomer iodine provides superior efficacy against bacterial wound biofilms in vitro and in vivo -Autores: Daniel J. Fitzgerald PhD,Paul J. Renick MS,Emma C. Forrest BS,Shannon P. Tetens BS,David N. Earnest BS,Jillian McMillan BS,Brett M. Kiedaisch MS,Lei Shi PhD,Eric D. Roche PhD