São curativos cuja função principal é proteger os tecidos do leito das feridas contra eventuais danos que possam ser causados por determinados curativos. Sabemos que as gazes, habitualmente utilizadas, aderem firmemente ao leito das feridas. A retirada dessas gazes provocam o que é habitualmente chamado de desbridamento não seletivo: ou seja, podem trazer consigo, além dos debris indesejáveis, elementos necessários ao processo cicatricial. Outros curativos, tais como carvão, espumas, etc, podem também provocar danos semelhantes.
A interposição de coberturas não aderentes tem, portanto, a função de proteger o leito das feridas contra as eventuais agressões que possam ser provocadas também no momento da troca desses curativos.
A cobertura não aderente ideal deveria apresentar as seguintes características:
- facilidade de adaptação ao formato do leito ulcerado bem como à topografia da lesão (Fig.1 a 5)
- fácil de aplicar sobre a ferida (Fig.2)
- pode ser removida com facilidade, sem provocar trauma e com o mínimo de dor (Fig.2)
- não deixa resíduos no leito da ferida
- não provoca danos à pele do entorno nem traumatiza o leito; pode ser usada em peles frágeis e friáveis
- permite que o exsudato se exteriorize para o curativo secundário
- permite que componentes do curativo secundário migrem para o leito, interagindo com a ferida (Fig. 3 e 4)
Regra geral essas coberturas são compostas de algodão sintético, acetato de celulose ou polietileno; algumas contém petrolato, outras são siliconizadas, vaselinadas ou parafinadas; todas elas mantendo a característica comum de não aderência ao leito da ferida.
Quando utilizar?
As coberturas não aderentes, em princípio, na qualidade de CURATIVO PRIMÁRIO,podem ser utilizadas na grande maioria das feridas. É uma excelente escolha como a primeira camada de contato com a ferida na medida em que minimiza o trauma por ocasião das trocas.
Não se aplicam em feridas muito fundas ou cavitárias, situação em que podem perder a sua função principal diante da possibilidade de migrar para o interior da lesão.
Podem ser úteis mesmo em feridas muito exsudativas, na dependência da qualidade do curativo secundário escolhido, considerando que o exsudato abundante pode migrar pelas malhas da cobertura para a região de pele sadia e propiciar maceração. Nestes casos, cuidar para que a malha não aderente não exceda muito os bordos das lesões.
Os casos de reações alérgicas ao produto são extremamente raras e não me recordo de nenhum episódio desse tipo.


Como as demais, se ajustam confortavelmente às topografias mais irregulares.



As três imagens acima mostram a oportuna possibilidade de combinação com outros tipos de curativos e coberturas.
Na imagem da esquerda está sendo colocada uma cobertura de carvão ativado com prata. Na imagem central vemos a associação com uma cobertura de alginato com prata. Os poros da malha não aderente permite os trocas de elementos e substância que migram pelo exsudato para o leito das feridas.
Uma interessante e oportuna invenção da empresa Acelity é o Adaptic Digit, muito útil para aplicação em feridas envolvendo os dedos das mãos ou dos pés, como mostrado na figura à direita.
Ao lado alguns produtos dessa categoria com os quais já tivemos alguma experiência:
- ADAPTIC e ADAPTIC TOUCH(3M, Inc)
- ADAPTIC DIGIT(3M)
- LOMATUELL (Lohmann&Rauscher)
- JELONET (Smith & Nephew)
- CURATEC AGE 30 RAYON (Curatec)
Compartilhando experiência no uso das coberturas de malhas não aderentes