O governo federal avaliou que a Atenção Básica carece hoje de 100 mil médicos especialistas em saúde da família e que hoje a maioria desses profissionais no sistema público são recém-formados. Para isso, o ministério da Saúde está contando com o retorno do programa Mais Médicos, que irá oferecer pós-graduação em medicina da família e comunidade e mestrado profissional. Quem atuar quatro anos no programa poderá fazer a prova de título da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade para obter o certificado de especialista sem necessidade de fazer residência médica. Segundo a Secretária Nacional de Atenção Primária à Saúde, o objetivo é garantir uma qualificação mais robusta dos profissionais atuantes na área.
Categoria: Wound Care
Conteúdo em tratamento de feridas crônicas
Problemas com planos de saúde seguem no topo do ranking de atendimentos do Idec
Em 2022, problemas relacionados a planos de saúde continuaram no topo do ranking de reclamações e atendimentos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). As queixas de pacientes relacionadas a esse tipo de serviço ocuparam o pasto mais alto em 9 dos últimos 10 anos, segundo o próprio Instituto. Empresas de planos de saúde tiveram a maior porcentagem de reclamações entre os associados da Instituição desde 2018, com 27,9% do total. Serviços financeiros (21,2%), problemas com produtos (10,9%), demais serviços (10%), e Telecomunicações (9,4%) completam o topo do levantamento. Em reunião com a Agência Nacional de Saúde (ANS), na semana passada, o Idec cobrou ações contra os aumentos “abusivos” dos planos.
Maior operadora de planos de saúde prestes a falir

A Hapvida, operadora do maior plano de saúde do país com cerca de 300 mil clientes no Amazonas, ameaça falir. A empresa teve um tombo de 32,74% na bolsa de valores na última quarta-feira (1º/3) e, desde então, já perdeu R$ 13 bilhões em valor de mercado, segundo o Valor Econômico. O dono da Hapvida, Cândido Pinheiro Koren de Lima, constava na lista global de bilionários elaborada pela revista Forbes até junho de 2022. Apesar dos reajustes ministrados sobre os planos corporativos – que representam a maior parte da carteira da operadora – a empresa não teria conseguido compensar os custos médicos. A possível falência preocupa o estado do Amazonas, que tem 40 mil contratos ministrados através da operadora, que já foi acionada pela Defensoria Pública por má prestação de serviços.
Fonte: Outra Saúde
HIDROGEL em feridas crônicas
A manutenção da umidade no ambiente das feridas cônicas é reconhecida como fator determinante para a boa evolução do complexo processo de cicatrização.
Esse reconhecimento já foi percebido desde a antiguidade.
E é essa capacidade de otimizar o leito das feridas que coloca o hidrogel entre os mais importantes recursos que não podem faltar num serviço voltado para essa área de atuação.
Nesse vídeo pretendemos realçar essa riqueza de possibilidades que os hidrogéis nos oferecem. Percebemos que essas possibilidades são frequentemente esquecidas em variadas situações.
Hidrocoloide – Parte 1
Governo Bolsonaro esconde contaminação por agrotóxicos em alimentos
Desde 2020, os brasileiros não têm como saber quanto de resíduos de agrotóxicos estão em sua comida, segundo a Repórter Brasil. Isso porque a Anvisa não realiza testes em alimentos desde 2019, quando foi publicado o último relatório do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) – isto é, com amostras de 2017 e 2018, anteriores ao governo Bolsonaro. De 2019 a 2022, o Ministério da Agricultura liberou 1.560 novos agrotóxicos para uso em atividades agrícolas ou não, com uma média anual de aprovação de 500 novos produtos; no total, 4.644 substâncias tóxicas são permitidas hoje no Brasil. Na última edição publicada do relatório, produtos como laranja, pimentão e goiaba foram os principais alimentos com o nível de agrotóxicos acima do limite. Fonte: Outra Saúde |
Clínica de Feridas: o que não pode faltar
O que não pode faltar numa Clínica de Feridas
Diante da quantidade de dispositivos – coberturas, curativos, equipamentos vários, etc. – disponíveis para o tratamento de feridas crônicas, todos os que se dedicam a esse segmento do atendimento à saúde precisam tomar decisões racionais sobre o que é efetivamente imprescindível para atender essa demanda.
É inegável que cuidar de pacientes portadores de feridas crônicas não se resume a fazer e trocar curativos.
À excessão do câncer de pele, sabemos que as feridas crônicas de dificil cicatrização representam a manifestação de uma patologia de fundo ou se cronificam em decorrência de enfermidades que interrompem a dinâmica da cicatrização.
O vídeo a seguir é um esforço de compartilhamento da experiência de longos anos e que procura responder à uma questão recorrente entre os que dedicam ao atendimento desses pacientes: O QUE NÃO PODE FALTAR NUMA CLINICA DE FERIDAS?
Inflação de remédios dispara, afeta idosos e mais pobres
Os reajustes podem chegar a 13%, antecipa o mercado financeiro. Economista prevê quadro dramático para pessoas de mais idade e renda mais baixa. Com a inflação já nas nuvens – e subindo – o governo deve favorecer as empresas farmacêuticos |
Controle de produção pelas farmacêuticas globais e altos custos cambiais no Brasil devem prolongar, a partir de 1° de abril, o forte aumento dos preços dos medicamentos iniciado no ano passado. O valor da autorização para os reajustes ainda não está definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos, mas o sistema financeiro está antecipando um limite próximo dos 10,06% do ano passado, podendo chegar aos 13%. É um descalabro, do ponto de vista econômico, para todos os setores sociais. Mas a economista Vivian Almeida, professora do Ibmec-RJ, não tem dúvida: os idosos, os mais pobres e os pacientes de doenças crônicas vão ser especialmente penalizados. Leia direto na Fonte, AQUI |
Pioderma gangrenoso ulcerativo
Diante de uma ferida crônica em membros inferiores associada a dor intensa, devemos sempre manter em nosso radar a possibilidade de estar diante de um caso de PIODERMA GANGRENOSO (PG).
Trata-se de um processo inflamatório envolvendo a pele e tecidos subjacentes, de difícil diagnóstico e, relativamente raro ou pouco diagnosticado. Na maioria, esses casos passam despercebidos e são conduzidos com outras alternativas diagnósticas, o que retarda a abordagem apropriada. Frequentemente, por suas características na perna, o PG é facilmente confundido com úlceras venosas. Portanto, muita atenção!
Muito embora as causas ainda não estejam seguramente determinadas, o pioderma gangrenoso parece estar relacionado a problemas do sistema imunitário, haja vista que pessoas acometidas por enfermidades hematológicas, tipo artrite, e certas doenças inflamatórias intestinais – especialmente Colite Ulcerativa e Doença de Crohn – estão entre as mais acometidas pelo problema.
O Pioderma Gangrenoso também pode estar associado a outras doenças de base além das referidas no parágrafo anterior, a saber: lúpus eritematoso sistêmico, leucemia, psoríase, hepatites B e C e neoplasias.
Quando devemos desconfiar?
Se o paciente refere que a ferida surgiu e aumentou muito rapidamente; se apresenta cicatrizes de episódios anteriores parecidos e que cicatrizaram com o tratamento; e se referem que as feridas são muito dolorosas, convém desde então colocar o PG como uma possibilidade.
É muito comum que tudo se inicie com um ponto ou vários pontos avermelhados sugestivos de picada de inseto. Isto rapidamente evolui para a formação de uma ou mais pequenas ulcerações que aumentam em poucos dias, são muito dolorosas e o membro acometido evolui com edema importante. Por evoluir com recidivas, a presença de cicatrizes prévias deixa uma pista para o raciocínio diagnóstico.
As lesões pode ocorrer em outras regiões do corpo mas, preferencialmente, se localizam nos membros inferiores.
Diante de uma suspeição, a primeira providência sugerida pelo Delphi Consensus é a biopsia, que revelará intenso infiltrado neutrofílico. Não é um achado patognomônico, mas trata-se de um bom indicativo.
Convém ressaltar que alguns pacientes com PG apresentam o fenômeno da patergia (fenômeno de hiper-reatividade cutânea em resposta a um trauma mínimo) que pode ser desencadeado até mesmo pela pela biopsia (como no caso das figuras abaixo) e pelos desbridamentos. Portanto, avaliar bem antes de fazer biopsia. Os casos de evolução desastrosa após procedimentos cirúrgicos torna o PG um pesadelo para os cirurgiões plásticos.
Uma curiosidade relevante no Pioderma Gangrenoso: não se trata de um processo infeccioso; a secreção purulenta de algumas lesões decorre da presença maciça de neutrófilos, sem outros sinais sistêmicos de infecção.
O tratamento
Cuidados locais de conformidade com as características das úlceras e os protocolos de controle do exsudato, edema e eventual infecção oportunista. Evitar qualquer cobertura que possa provocar trauma.
E mais: corticosteroides, imunossupressores, imunomoduladores e, quando necessário, antibióticos de amplo espectro em caso infecção concomitante, além do suporte medicamentoso para alívio da dor.
Nunca será demais a abordagem multidisciplinar com profissionais focados na doença de base, quando identificada.

Paciente do sexo masculino, 62 anos, diabético, CA de próstata em acompanhamento com urologista; ferida pós pequeno trauma sobre a tíbia, evoluindo rapidamente, com muita dor.

Observa-se a expansão indesejada da ferida a partir do local em que foi colhido o material para biopsia – fenômeno de “patergia”.
Leituras sugeridas:
- Diagnostic Criteria of Ulcerative Pyoderma Gangrenosum – A Delphi Consensus of International Expert – 2018 – Emanual Maverakis, MD; Chelsea Ma, MD; Kanade Shinkai, MD, PhD
- Pioderma gangrenoso: evidências clínicas e características – Amanda Monteiro das Graças; Edilamar Silva de Alecrim; Sandra Lyon
Mel em feridas
Com certa frequência somos questionados sobre a utilização do mel de abelha no tratamento das feridas.

No livro do Dr. Guido Majno (imagem ao lado), que dedicou muitos anos de sua vida estudando os tratamentos usados na antiguidade, ele nos informa que as propriedades do mel são conhecidas há séculos e foram utilizadas para o tratamento das mais variadas enfermidades, aí incluídas as feridas crônicas. Insuportavelmente caro, o livro pode ser adquirido neste endereço digital.
Na verdade a utilização medicinal do mel tem uma história de muitos milénios. É algo realmente muito antigo.. Uma simples consulta na internet nos fornecerá dados dando conta do uso do mel para tratamento de problemas digestivos, infecções e feridas crônicas desde o ano 400 aC.
Muito embora essas propriedades medicinais do mel remontem à antiguidade, apenas mais recentemente ressurgiu o interesse pelo seu uso no tratamento das feridas.
As propriedades antimicrobianas do mel estão documentadas na literatura médica desde o século 19, entretanto o seu uso mais intensivo nas feridas conta com publicações mais recentes, a partir do início do século XX.
Ocorre que, com o advento dos antibióticos, particularmente a penicilina (Alexander Fleming em 1928), o interesse pela utilização do mel no combate às infecções diminuiu, ficando o seu uso no território dos tratamentos ditos populares, sendo frequentemente substituído pelo uso do açúcar.
Entretanto, na medida em que o uso abusivo e generalizado dos antibióticos evoluiu para o caos da resistência bacteriana que não sabemos aonde vai nos levar, ressurgiu no meio científico um renovado interesse pelo uso do mel no tratamento das feridas crônicas.
Se, por um lado, muitos trabalhos publicados mostram resultados positivos do uso do mel nas diferentes fases da cicatrização, por outro, há ainda muita confusão sobre que tipo de mel tem essa capacidade de otimizar a evolução do processo cicatricial. Dependendo da variedade da flor de onde as abelhas colhem o néctar, existem em torno de 300 tipos de mel. Imagine!

Dentre todos eles, o mel de Manuka vem despertando especial interesse nas pesquisas. Trata-se de um mel que se origina da polinização das flores de Manuka (Leptospermun), árvore nativa da Nova Zelândia e Austrália. As folhas dessa árvore são usadas pelos povos indígenas da Nova Zelândia há séculos.
Os estudos publicados referem que este mel tem ação antibacteriana diferenciada de outros tipos de mel, agindo sobre a formação dos biofilmes que deterioram a cicatrização.
Uma busca na internet com as palavras “mel, feridas, tratamento” certamente vai resultar numa infinidade de material publicado. Obviamente, a grande maioria sem o menor rigor científico que possa gerar credibilidade. Boa parte dessas publicações sequer informam qual a origem ou tipo de mel que está sendo utilizado.
Encontrei um trabalho realizado na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte sobre “os efeitos do uso tópico do mel da abelha silvestre Melipona subnitida na evolução de feridas infectadas de pele“. Trata-se de um trabalho experimental em feridas provocadas em ratos. AMelipona subnitida, é uma abelha silvestre comum no nordeste Brasileiro.
Os autores concluíram que o uso tópico de mel de Melipona subnitida em feridas infectadas da pele de ratos estimulou a resposta imunológica, reduziu a infecção e o tempo de cicatrização. Mais detalhes desta publicação podem ser encontrados AQUI. A pesquisa foi publicada em 2008 e não temos conhecimento de desdobramentos práticos sobre o tema.
Não dispomos no Brasil, exceto em sites de importação, o mel de Manuka para uso medicinal e em feridas, muito embora tenha o seu uso efetivo em vários serviços especializados em alguns países. Convém salientar que o preço torna o produto inacessível para o padrão médio de nossos pacientes. Se quiser matar a curiosidade pesquise por Manuka Honey. Por outro lado, não se trata de uma solução indispensável. Trata-se apenas de uma ferramenta a mais que ganhou espaço no tratamento de determinadas feridas.
Dr. José Amorim de Andrade
Algumas ideias de leitura:
- Livro: The healing hand: Man and wound in the ancien world – Guido Majno
- Properties of honey: its mode of action and clinical outcomes – Jackie Stephen Haynes, Rosie Callaghan – Wounds UK, 2011, Vol 7, Nº 1
- Antibacterial activity of Manuka honey and ist components: An overview – AIMS Microbiol. 2018; 4(4): 655–664.Published online 2018 Nov 27