Durante muitos anos – eu diria, décadas – são usados produtos à base de Iodo para limpeza, assepsia e antissepsia da pele.
Nos centros cirúrgicos o álcool iodado e o Povidine – nas versões alcoólica e degermante – ainda fazem parte da rotina de preparo das mãos da equipe cirúrgica e do campo operatório em muitos centros cirúrgicos. É um problema quando pacientes informam alergia ao Iodo em serviços que não dispõem de outras alternativas.
Nesse tempo de PANDEMIA que estamos vivendo, o Iodo adquire “estatus” de relevância como antisséptico oral contra a SARS-CoV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Severa Coronavirus 2). Por enquanto a possibilidade de bochechos com iodo-povidona para inativação do COVID-2 ainda está na fase “in vitro”. Quem deseja satisfazer à curiosidade pode ler AQUI.
Pois bem, o Iodo para uso tópico vem se impondo como alternativa contra a infecção no tratamento das feridas crônicas. Concentrações apropriadas contornam o velho problema da toxicidade celular dos produtos convencionais baseados em Iodo.
Comentaremos um pouco de nossa experiência com o IODOSORB da empresa Smith&Nephew.
Informamos que não temos qualquer conflito de interesse relacionado ao produto.
Trata-se de uma pomada formada por micro grânulos de amido – quimicamente, um cadexómero – acrescida de iodo a 0,9%. Enquanto o composto de amido atua como absorvente do exsudato, o iodo vai sendo gradualmente liberado para o ambiente da ferida e exercendo suas atividades bactericidas e bacteriostáticas.

Aspecto por ocasião da colocação do IODOSORB sobre leito infectado.

Podemos observar o aspecto gelificado do IODOSORB após 48 horas. É possível ver ainda, por transparência, sinais de infecção ainda ativa no leito.

O aspecto após uma semana de aplicação do IODOSORB.
Por sob a cobertura não aderente o leito se mostra livre de infecção visível e com boa granulação.
Em nossa experiência estamos bem impressionados com a eficiência do produto no combate à infecção tópica.
Uma de suas vantagens é que pode ser aplicado sob terapia compressiva tais como Bandagens de UNNA. Para nós isto é muito importante pois a grande maioria dos pacientes necessitam de terapia compressiva para combate ao edema e ao exsudato.
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTESNão temos conhecimento da disponibilidade dos curativos de Iodosorb em placas de 4cm x 6cm no mercado nacional. Até o momento apenas as bisnagas de 20g podem ser encontradas. - Segundo o fabricante o amplo espectro da atividade antibacteriana dura em torno de 72 horas, ou seja, até três dias. - É muito fácil de retirar pois não adere ao leito e adquire coloração transparente com aspecto gelatinoso. - Não tem indicação o seu uso em feridas secas. - Pode ser facilmente aplicado em feridas com leito cavitário, o que torna a sua aplicação muito conveniente para determinadas ulcerações do pé diabético. - Convém evitar transbordamento do produto para a pele do entorno; o fabricante recomenda que não se ultrapasse 50g em uma única aplicação (as bisnagas que usamos em nosso serviço contem 20g, o que torna o produto dispendioso para feridas mais extensas ou para a necessidade de uso mais prolongado). - O IODOSORB está contraindicado em pacientes com distúrbios da tireoide, gestantes e lactantes.
Sugestão de leitura:
- Cadexomer iodine provides superior efficacy against bacterial wound biofilms in vitro and in vivo -Autores: Daniel J. Fitzgerald PhD,Paul J. Renick MS,Emma C. Forrest BS,Shannon P. Tetens BS,David N. Earnest BS,Jillian McMillan BS,Brett M. Kiedaisch MS,Lei Shi PhD,Eric D. Roche PhD
Uma consideração sobre “Iodosorb creme”